O ano de 2019 passou e o primeiro trimestre de 2020 também deixando suas marcas na vida profissional e pessoal, novos desafios surgiram e novos horizontes foram abertos. Com isso, venho relatar como foi a troca da água para o vinho, ou melhor, de um vinho clássico para um vinho novo.
Em junho de 2019, me deparei com o questionamento se realmente estava indo pelo o caminho certo, se a estabilidade de uma carreira de desenvolvedor Oracle de mais de 7 anos era o que eu gostaria de continuar construindo. Um determinado dia olho para o meu LinkedIn e me deparo com o tempo que passou, lembrando que nos primeiros 3 anos da minha carreira já estive nesta utopia. Quero mudar!?
Desejo de mudança
No início de uma carreira na área de desenvolvimento normalmente temos um desafio inicial de saber por onde começar, qual linguagem escolher, o que estudar primeiro e normalmente não decidimos muita coisa, simplesmente buscamos atender alguma necessidade onde exista oportunidade. E essas dúvidas se repetem quando almejamos uma mudança, porém, agora é o momento de usar nossa experiência e realmente escolher o “melhor caminho”. Lembro que naquele momento comecei a escutar podcasts sobre tecnologia no NerdCast, e acabei parando em Hipsters Ponto Tech e Lambda3 (fica a dica). Em um dado momento, ouvindo esses podcasts, uma profissional do Stack Overflow estava contando como funcionava a pesquisa realizada por eles sobre as tendências tecnológicas baseadas nos próprios desenvolvedores, foi então que resolvi verificar a pesquisa e ver o que era “hype” no momento. Se você não conhece, dê uma olhada.
Dica nº 1: Saiba o que está em alta, o que tem uma curva mais simples de aprendizado, quais são as linguagens queridinhas dos desenvolvedores. Enfim, a escolha vai depender do seu tempo livre.
Hora de experimentar
Após períodos de pesquisa sobre qual caminho seguir surgiu algumas oportunidades de participar de treinamentos voltados à atualização de tecnologia na empresa onde trabalhava, recebi ótimas oportunidades de experimentar React Native e Swift e foi aí que comecei a sentir o impacto da troca, dando início ao sofrimento normal de quem está se aventurando em um novo mundo. Mas mantive a calma e segui em frente. Para mim este ponto é o que define se devemos ou não continuar com as mudanças, se estamos dispostos a encarar as dores de se sentir júnior novamente.
Dica nº 2: Experimente as opções que considerou boas após suas pesquisas e tente se entender, a ponto de saber se está ou não disposto a sentir as dores do parto.
Comparação
O processo de comparação é natural para qualquer pessoa que resolve mudar e em linguagem de programação é praticamente o motivo pelo qual aparecem novas linguagens. Sempre tem aquele ponto que poderia ser um pouco parecido com aquela outra linguagem ou um ponto para melhorar em relação a linguagem X. Na minha opinião, siga comparando, isso vai dar uma motivação para a continuidade dos seus estudos. Pode ser que você veja coisas muito mais simples nesse novo ambiente ou não. Compare como é fazer um FOR em uma e em outra; procure funções ou formas de fazer que não existem na linguagem atual, as vezes você vai acabar descobrindo que a sua linguagem atual tem algo que você não era acostumado a usar. Lembro-me que o motivo que saltou aos meus olhos era o quanto as ferramentas eram diferentes, bonitas, com recursos e facilidades que as ferramentas atuais não tinham. Estou falando de uma troca violenta, usava o bom e velho PL/SQL Developer e comecei a utilizar VSCode e Xcode.
Dica nº 3: Compare. Compare para entender, compare para se motivar, compare para saber se está no caminho certo para você.
Procure comparadores
Se você já tem um vislumbre sobre qual caminho seguir talvez já seja o momento de expressar isso aos contatos que você já tem e, também, é uma oportunidade de conversar com pessoas sobre o assunto. Tome café com pessoas que podem te dar uma dica aqui e ali, provavelmente vai sair um conteúdo novo, alguma referência ou até cursos bacanas sobre seu novo horizonte. Procure ouvir das pessoas os pontos positivos e negativos sobre as linguagens e desafios que eles normalmente enfrentam. E não foque apenas nos amantes deste horizonte, fale com opositores e tente ponderar suas críticas.
Dica nº 4: Procure pessoas que topem um café ou chá e que tenham boa disposição para expor suas críticas.
Se atente as oportunidades
É sempre importante expor suas vontades e não ter medo de falar aos seus líderes o que você está pretendendo aprender, isso vai te mostrar se você está no lugar ideal para chegar no seu objetivo. Não se surpreenda se você precisar tomar atitudes, fazer novos contatos e até procurar em outros lugares e, na minha opinião esse momento é o que vai lhe causar mais desconforto. Por isso é importante estar seguro e sempre procurar o mínimo de impacto possível, mas o mínimo pode ser igualmente radical. Procure participar de treinamentos caso sua empresa tenha essa oportunidade, isso vai nortear ainda mais as suas escolhas.
Dica nº 5: Coloque seus sentimentos na mesa e se atente as oportunidades com menor impacto possível.
Mudei e agora?
No meu caso, eu acabei mudando de empresa devido as oportunidades que surgiram e pude mudar com um impacto minimizado. Fui para um projeto que tinha o novo e o chão firme ao mesmo tempo, era um projeto Node.JS consultando em um banco Oracle. Isso fez com que o desespero da mudança fosse reduzido, dando o equilíbrio entre sofrimento e a experiência. E é nesse momento que precisamos eleger padrões, ou profissionais que tenham experiência suficiente para você perguntar tudo e formar a sua base. Além de depender de pessoas é importante ter algum conteúdo extra -no meu caso foi um livro da BrazilJS- para ser seu material de cabeceira, onde você aos poucos vai pegando dicas e novidades. Mas, não se desespere, não é necessário ler tudo de uma vez só, eu não fiz assim.
Dica nº 6: Escolha mentores que vão lhe fazer formar um padrão adequado de código e busque conteúdos para se aprimorar.
Tudo se resume em experiência
Hoje vejo que todo esse processo se resume em experiência, tanto a que estou adquirindo quanto a que já me pertence, e após um período de empenho e dedicação acabamos criando uma base de conhecimento que vamos levar para qualquer linguagem que decidirmos nos dedicar e isso faz do desenvolvimento uma bela arte, onde os quadros e as tintas podem mudar, mas os pintores podem ser os mesmos. E isso, com o tempo, acaba nos provando que a experiência munida de boas referências nos levam a lugares preciosos. No momento que estamos iniciando ou estamos desgostosos com o atual, normalmente tendemos a desprezar o que estamos fazendo atualmente e pensar que tudo está ruim -ingratidão total- mas no momento em que as coisas vão se formando e vamos chegando a um novo ponto da nossa caminhada vamos percebendo que tudo fez parte de uma grande construção de conhecimento.
Dica n° 7: Não despreze aquilo que já aprendeu, honre a si mesmo com gratidão.
Conclusão
Acredito que o maior aprendizado até este momento foi ter mudado sem perder tudo, creio que esse medo ronda todos que desejam mudar, seja lá o que for. A mudança é um objetivo que exige seu preço e as vezes a conta é regada de muita dedicação. O que precisamos entender é que tudo vai depender do quanto estamos dispostos a sacrificar. Mas, as coisas que aprendi nos últimos 10 meses vem a somar a aquilo que carrego desde o início da minha carreira. E seguimos em frente, sempre querendo conhecer coisas novas buscando um pouco mais de conhecimento e valorização profissional. Hoje, estou estudando Flutter -a propósito estou gostando muito- mas já estudei um pouco de Elasticsearch, e por aí vai. Pretendo seguir aprendendo outras variações do universo mobile e também dar uma atenção aos conteúdos ligados às metodologias ágeis e gerenciamento de rotinas de trabalho. Enfim, o universo de desenvolvimento é amplo e repleto de novidades.